O Instituto Politécnico de Bragança está a desenvolver produtos alimentares para serem comercializados por empresas locais. Depois da produção de salsichas frescas e de mantas secas e salgadas de cabra e ovelha, surge agora um novo projecto. O professor da Escola Superior Agrária, Alfredo Teixeira, realça que o desafio é ensaiar diferentes tipos de presunto.
“Neste momento temos um novo projecto, que é o Bisobicape, que no fundo é trabalhar três novos produtos, nomeadamente um novo presunto de porco de raça bísara, que vai ter um tratamento diferente do habitual, e também presunto de perna de ovelha e perna de cabra e também a produção de um paté destas duas carnes”, salienta o Professor do IPB.Alfredo Teixeira frisa que estes produtos são inovadores em Portugal e têm potencial de mercado.“Estamos ainda numa fase experimental, mas já com alguns resultados que já estamos a passar para a indústria, uma vez que estes são projectos em co-promoção. Ou seja, tem uma indústria associada. No processo anterior foram registadas duas marcas novas e esperamos que este novo projecto também proporcione o registo de novas marcas de produtos. Também será uma forma de nós valorizamos produtos que não entram dentro das marcas de qualidade registadas com DOP e IGP”, realça o investigador.
Alfredo Teixeira diz que o IPB faz estudos a pedido das empresas, mas também há desafios lançados pelos próprios investigadores. Este trabalho de investigação é para a empresa Bísaro Salsicharia, em Gimonde (Bragança), que pretende diversificar o leque de produtos comercializados.
em Rádio Brigantia.
No seguimento da parceria entre o Universia e a SIC Notícias, esta semana, no Programa Falar Global, a rubrica Universidades Tecnológicas versa sobre os trabalhos de investigação desenvolvidos no Instituto Politécnico de Bragança, onde é apresentado um projecto sobre a técnica de Conservação da Castanha, desenvolvido sob a coordenação do Professor Albino Bento.
Pensar políticas de desenvolvimento em debate europeu
Ajudar a aumentar a exportação de castanha e com custos mais reduzidos. Esse é o objectivo de um projecto pioneiro em que participa o Instituto Politécnico de Bragança, a Universidade do Minho e o Instituto Tecnológico e Nuclear, de Lisboa.
Desde que a União Europeia proibiu a comercialização do químico usado para esterilizar a castanha que os produtores são obrigados a recorrer à água quente.O IPB propõe a utilização de raios Gama. Segundo Albino Bento, o presidente da Escola Superior Agrária, este sistema tem muitas vantagens.
“Não tenho dúvida que é muito mais económico. Além de a água quente ser um processo muito moroso, no final, demora entre 20 minutos a meia hora a 36º, 37º, e, no final do dia, não permite que se esterilize muita castanha.
E no final disso é preciso passar por outro equipamento para secar a castanha, o que torna os custos energéticos muito maiores. E este processo vai permitir esterilizar muito mais quantidades”, explica. Este foi um dos projectos que ontem esteve em destaque, na abertura de um encontro europeu de produção de castanha.
Segundo este investigador do Centro de Montanha do IPB, o projecto já está avançado.“Temos mais ou menos afinada a dose de esterilização que podemos utilizar. Sabemos que essa dose pode matar o bichado e o gorgulho.
Nos fungos ainda temos de encontrar uma dose que os mate mas que não destrua a castanha.” No entanto, serão precisos mais um a dois anos de afinação do sistema até poder ser usado em segurança. Do lado dos produtores é que as vantagens são bastante apreciadas.
Sobretudo, numa altura em que se pedem mais exportações ao país. Mais barato e, sobretudo, a permitir esterilizar muito mais castanhas em muito menos tempo. Um processo que se torna apetecível para os empresários do sector. “Pensamos que o método é eficiente, bastante eficiente até, o que teremos de conseguir é a redução de custos.
É um processo caro mas de massificação, o que é importante”, sublinha Vasco Veiga, administrador da Sortegel, uma das maiores empresas de transformação e venda de castanha do Nordeste Transmontano.
Este ano comercializou oito mil toneladas de castanha mas apenas 30 por cento podem ser vendidas em fresco. “Essa era outra vantagem da radiação, é que só esterilizamos a castanha que é para consumo em fresco (ao natural, que vendemos para a grande distribuição).
A que vai para a indústria, para ser transformada, não esterilizamos, porque se não, nunca mais lá chegávamos. Mas com este sistema penso que será possível fazê-lo”, diz. Vasco Veiga confessa que sente muitas dificuldades com o actual sistema de esterilização. Utilizando a radiação, poderá duplicar a quantidade de castanha exportada. “O processo com esterilização por água é muito reduzido.
É-me impossível aumentar as quantidades que estou a fazer hoje. E a redução de custos também será muito grande. Mas terá de haver conjugação de produtores e apoios do Estado. Mas dá perfeitamente para duplicar a castanha vendida”, explica.
Actualmente, o IPB tem já uma parceria com uma empresa alemã, que utiliza um sistema de radiação portátil, montado numa carrinha, e com uma outra empresa turca, para testar diferentes níveis de radiação.
Para além deste projecto, no primeiro dia do encontro de produção de castanha assinou-se também um protocolo de criação da RefCast, a rede portuguesa da castanha. De acordo com Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, vai permitir organizar a fileira e aumentar a área de produção.“Portugal é um dos maiores produtores mundiais de castanha, a nossa região é uma das principais produtoras e fico contente que esta associação fique ligada a Bragança.
O que está perspectivado é, para além da investigação, haver uma ajuda financeira extracomunitária para a criação de uma área de plantação muito maior. Precisamos de mais área e de uma investigação associada, que ajuda a conter parte das pragas a que o castanheiro é sujeito.”
Há já 80 milhões de euros disponíveis para este projecto.
Brigantia, 2011-06-17
O Instituto Politécnico de Bragança, através da Escola Agrária, tem em fase de desenvolvimento um projecto de valorização, para posterior comercialização, de carnes de ovelha e cabra. Este projecto incide no tratamento da carne de animais que não podem ser comercializados com marcas de qualidade com selo de Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP), por não se tratarem de animais de leite. Por não se tratarem de animais de leite, com a inovação introduzida, o objectivo é comercializar esta carne em nichos de mercado exigentes, como os da alta cozinha.
“O grande objectivo do projecto é conferir um valor acrescentado a animais que são de um escasso valor comercial”, explicou ao Mensageiro Alfredo Teixeira, professor responsável pela investigação.
Tendo a Escola apresentado estes produtos na última Alimentaria & Horexpo, da Feira Internacional de Lisboa, é de sublinhar o interesse demonstrado por conceituados chefes de cozinha nestas carnes, apresentadas de forma inovadora. “Este é, no fundo, alcançar um dos grandes objectivos que tínhamos”, referiu o professor, acrescentando que “houve grande receptividade de chefes de cozinha de hotéis de elevada reputação”.
Isto é importante, também, porque a produção destas carnes não é muito significativa, sobretudo relativamente aos ovinos da raça bragançana que estão em vias de extinção. A aposta é, por essa razão, na qualidade, na valorização do que existe, e não na quantidade.
Essas carnes serão comercializadas na forma de “manta” após desossa, submetidas a salga e secagem ao ar frio, e em salsichas frescas, às quais, além das carnes dos referidos animais, é adicionada uma dose de gordura de porco da raça bísaro. Estas iguarias, necessitam, no caso das carnes salgadas, de uma demolha, semelhante à que se faz ao bacalhau. Depois, estão prontas para grelhar, sem qualquer tipo de condimento ou tratamento.
Segundo Alfredo Teixeira, o projecto, iniciado em Outubro passado, vem no seguimento de uma investigação prévia de cerca de três anos, feita a expensas próprias do Instituto, no âmbito da qual foram feitas provas de investigação. No âmbito dessa investigação prévia já resultaram três teses de mestrado e artigos publicados em revistas de impacto internacional. Está também a iniciar-se uma tese de doutoramento.
Após essa fase prévia foi feita uma candidatura ao Proder, envolvendo não só a parte da investigação, mas também a produção, através da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana e da Associação de Produtores de Ovinos da Raça Galega Bragançana, e o sector da transformação e comercialização, através da Bísaro – Salsicharia Tradicional, Lda com sede em Gimonde – Bragança.
O financiamento global do projecto foi de cerca de 200 mil euros, mas não contemplou financiamento para criação e registo de uma marca, por parte da indústria de transformação e comercialização. No entanto, essa indústria está na disposição de criar, a expensas próprias, essa marca de qualidade. “A mais prejudicada, em termos de financiamento, foi a transformação. Foi unicamente graças à boa vontade deles que o projecto foi levado a bom porto”, referiu Alfredo Teixeira.
A iniciativa está quase numa fase de finalização, podendo os produtos ser comercializados logo que a indústria o deseje fazer. No entanto, vão ainda ser realizados testes sensoriais, com painéis de provadores da própria escola e testes junto de consumidores. Isto “para termos uma amostragem grande que nos permita depois fazer um tratamento estatístico destes dados e poder publicá-los”. Estas análises poderão ser importantes ainda para chegar à fórmula perfeita da transformação dos produtos.
O Instituto Politécnico de Bragança, representado pela Escola Superior Agrária (ESA-IPB), esteve presente no concurso de tecnologias do espaço FOOD I&DT, integrado na Alimentaria & Horexpo 2011, na FIL em Lisboa, que decorreu de 27 a 30 de Março, com o projecto CHESTNUTSRAD Tratamento Alternativo de Conservação de Castanha. Estiveram a concurso 52 tecnologias de várias Universidades e Politécnicos, das quais foram seleccionadas 25 para o espaço de exposição Food I&DT. Ao projecto CHESTNUTSRAD foi atribuído um Diploma de Honra correspondente ao 3º lugar, por um júri composto por entidades empresariais e da Agência de Inovação e entregue pelo Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Manuel Heitor.
Este projecto propõe uma tecnologia de tratamento de castanha por irradiação como alternativa às tecnologias existentes, permitindo o aumento da competitividade das empresas agro-alimentares de uma fileira estratégica no Plano de Desenvolvimento Rural, através do aumento do seu índice tecnológico na produção e valorização da castanha, ao proporcionar ao mercado um produto
com qualidade e segurança.
O estudo da viabilidade desta tecnologia é financiada pelo programa QREN Co-Promoção I&DT, através do projecto nº 3198/2010 e, para além da ESA-IPB, conta com a participação da empresa Agroaguiar Lda, Universidade do Minho e Instituto Tecnológico e Nuclear.
Ecomuseu de Picote aposta na valorização ambiental e do património rural.
O Ecomuseu Terra Mater, em Picote, quer tornar-se num centro de “valorização ambiental e do património rural da Terra de Miranda”.
A unidade museológica, que agora assinala uma ano de existência, já é uma espécie de “laboratório” de ensaio das relações entre o património material e imaterial, mas pretende tornar-se num espaço cultural aberto à intervenção das populações e ao intercâmbio com os visitantes.
A técnica do Ecomuseu, Margarida Ramos, garante que a pretensão do trabalho desenvolvido e a desenvolver passa pelo reconhecimento e divulgação dos recursos endógenos, os saberes tradicionais na cultura local e comunidades rurais, adaptando-os às novas tecnologias.
Para tal, os técnicos do ecomuseu estão a trabalhar num projeto denominado “Cultibos, Yerbas, Saberes, Biodiversidade, Sustentabilidade e Dinâmica em Terras de Miranda”, em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e a Associação Frauga.
“O projecto tem como objetivos inventariar, recuperar e conservar o património etnobotânico, considerando as várias componentes, espécies, usos, práticas e saberes em risco de erosão”, explicou a técnica do ecomuseu.
A iniciativa é financiada pelo QREN, através do Programa Operacional do Norte (ON-2 O Novo Norte) e está orçado em cerca de 140 mil euros.
No decurso do projecto, as entidades envolvidas têm a seu cargo a realização de um trabalho de campo intensivo, que conta com a participação da população rural de toda a Terra de Miranda.
No primeiro ano de vida, o centro interpretativo foi visitado por mais de 500 turistas.
“Este trabalho tem como missão inventariar espécies agrícolas e silvestres tradicinais outrora muito utilizadas e actualmente pouco ou nada cultivadas, bem como fazer a recolha de propagação dessas espécies tradicionais,” avançou Margarida Ramos.
Por outro lado, há um “importante” trabalho que organizará uma colocação de “propágulos” (elementos que têm por função propagar a sua espécie), que ficará patente no Ecomuseu de modo a ceder o material aos visitantes e às populações interessadas. Além disso, serão enviadas amostras para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, entidade com a qual a Frauga estabeleceu um protocolo, que garante a conservação das espécies tradicionais.
Segundo António Bárbolo, um dos mentores do Ecomuseu, todo o projecto será desenvolvido a médio e longo prazo, sendo certo que no primeiro ano de vida, o centro interpretativo foi visitado por mais de 500 turistas.
“O sucesso deste espaço não se pode medir pelo número de visitantes, mas sim pela envolvência das pessoas nas iniciativas levadas a cabo por toda a estrutura,” sublinhou o responsável.
O Ecomuseu Terra Mater foi delineado há cerca de 10 anos, tendo sido alvo de um investimento de 200 mil euros, financiados por empresas e instituições como a REN, EDP, CGD e Câmara Municipal de Miranda do Douro.
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