Cultura rentável em que vale a pena apostar
Cultura rentável em que vale a pena apostar
No seguimento da parceria entre o Universia e a SIC Notícias, esta semana, no Programa Falar Global, a rubrica Universidades Tecnológicas versa sobre os trabalhos de investigação desenvolvidos no Instituto Politécnico de Bragança, onde é apresentado um projecto sobre a técnica de Conservação da Castanha, desenvolvido sob a coordenação do Professor Albino Bento.
Pensar políticas de desenvolvimento em debate europeu
Ajudar a aumentar a exportação de castanha e com custos mais reduzidos. Esse é o objectivo de um projecto pioneiro em que participa o Instituto Politécnico de Bragança, a Universidade do Minho e o Instituto Tecnológico e Nuclear, de Lisboa.
Desde que a União Europeia proibiu a comercialização do químico usado para esterilizar a castanha que os produtores são obrigados a recorrer à água quente.O IPB propõe a utilização de raios Gama. Segundo Albino Bento, o presidente da Escola Superior Agrária, este sistema tem muitas vantagens.
“Não tenho dúvida que é muito mais económico. Além de a água quente ser um processo muito moroso, no final, demora entre 20 minutos a meia hora a 36º, 37º, e, no final do dia, não permite que se esterilize muita castanha.
E no final disso é preciso passar por outro equipamento para secar a castanha, o que torna os custos energéticos muito maiores. E este processo vai permitir esterilizar muito mais quantidades”, explica. Este foi um dos projectos que ontem esteve em destaque, na abertura de um encontro europeu de produção de castanha.
Segundo este investigador do Centro de Montanha do IPB, o projecto já está avançado.“Temos mais ou menos afinada a dose de esterilização que podemos utilizar. Sabemos que essa dose pode matar o bichado e o gorgulho.
Nos fungos ainda temos de encontrar uma dose que os mate mas que não destrua a castanha.” No entanto, serão precisos mais um a dois anos de afinação do sistema até poder ser usado em segurança. Do lado dos produtores é que as vantagens são bastante apreciadas.
Sobretudo, numa altura em que se pedem mais exportações ao país. Mais barato e, sobretudo, a permitir esterilizar muito mais castanhas em muito menos tempo. Um processo que se torna apetecível para os empresários do sector. “Pensamos que o método é eficiente, bastante eficiente até, o que teremos de conseguir é a redução de custos.
É um processo caro mas de massificação, o que é importante”, sublinha Vasco Veiga, administrador da Sortegel, uma das maiores empresas de transformação e venda de castanha do Nordeste Transmontano.
Este ano comercializou oito mil toneladas de castanha mas apenas 30 por cento podem ser vendidas em fresco. “Essa era outra vantagem da radiação, é que só esterilizamos a castanha que é para consumo em fresco (ao natural, que vendemos para a grande distribuição).
A que vai para a indústria, para ser transformada, não esterilizamos, porque se não, nunca mais lá chegávamos. Mas com este sistema penso que será possível fazê-lo”, diz. Vasco Veiga confessa que sente muitas dificuldades com o actual sistema de esterilização. Utilizando a radiação, poderá duplicar a quantidade de castanha exportada. “O processo com esterilização por água é muito reduzido.
É-me impossível aumentar as quantidades que estou a fazer hoje. E a redução de custos também será muito grande. Mas terá de haver conjugação de produtores e apoios do Estado. Mas dá perfeitamente para duplicar a castanha vendida”, explica.
Actualmente, o IPB tem já uma parceria com uma empresa alemã, que utiliza um sistema de radiação portátil, montado numa carrinha, e com uma outra empresa turca, para testar diferentes níveis de radiação.
Para além deste projecto, no primeiro dia do encontro de produção de castanha assinou-se também um protocolo de criação da RefCast, a rede portuguesa da castanha. De acordo com Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, vai permitir organizar a fileira e aumentar a área de produção.“Portugal é um dos maiores produtores mundiais de castanha, a nossa região é uma das principais produtoras e fico contente que esta associação fique ligada a Bragança.
O que está perspectivado é, para além da investigação, haver uma ajuda financeira extracomunitária para a criação de uma área de plantação muito maior. Precisamos de mais área e de uma investigação associada, que ajuda a conter parte das pragas a que o castanheiro é sujeito.”
Há já 80 milhões de euros disponíveis para este projecto.
Brigantia, 2011-06-17
Operadores utilizam água quente para esterilizar o fruto que é exportado para países terceiros, mas investigadores querem colocar em prática a esterilização por irradiação
O Instituto Politécnico de Bragança, em parceria com uma empresa da região, com a Universidade do Minho e com o Instituto de Tecnologia Nuclear, está a levar a cabo um projecto de investigação dedicado à esterilização e conservação da castanha que é exportada para países terceiros. É que está em vigor uma norma da Comunidade Europeia que proíbe o uso de bormeto de metilo, o químico utilizado para fazer a devida desinfecção, de modo a que castanha chegasse ao destino sem alterações.
Segundo António Graça, director regional de Agricultura, esta imposição comunitária nada tem que ver com questões de segurança alimentar, até porque este produto não deixava quaisquer resíduos. “É uma questão de natureza ambiental”, explicou.
Com as novas normas em vigor, os operadores de castanha que trabalham na área de exportação tiveram que adoptar como alternativa o uso de água quente, “uma alternativa fácil e viável de utilizar”, na opinião de António Graça.
No entanto, os investigadores consideram que o tratamento com água quente pode não ser assim tão eficaz, uma vez que obriga à secagem da castanha, caso contrário pode apodrecer durante o período de transporte.
Albino Bento, presidente da Escola Superior Agrária e investigador do Centro de Montanha, considera mesmo que o método da água quente “não é económico, é difícil, demorado e complicado”.
Por isso, os vários investigadores procuram uma nova alternativa, nomeadamente a desinfecção por irradiação, através do uso de feixes de electrões. O projecto foi submetido à Agência Portuguesa da Inovação e é financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), no entanto, só dentro de três anos é que deverá estar concluído. “Neste momento estamos a trabalhar, já fizemos os primeiros testes e temos esperança que o uso de feixes de electrões possa vir a funcionar”, apontou Albino Bento.
Esta técnica de irradiação visa a esterilização da castanha sem comprometer a sua qualidade. “O que se pretende é matar as pragas e os fungos, mantendo a qualidade, o sabor e as características do fruto”.
Amílcar António e Elsa Ramalhosa, investigadores ligados a este projecto, adiantam, ainda, que esta técnica da irradiação já foi testada na União Europeia em outros alimentos. Resta agora saber se, utilizado na castanha, mantém as suas características.
© 2024 Notícias ESA
Theme by Anders Noren — Up ↑