Dez novas empresas de diversas áreas de actividade deverão estar a funcionar dentro de pouco tempo na região. Tratam-se de projectos liderados por jovens licenciados que aproveitaram o apoio do Gabinete de Apoio à Inovação e ao Empreendedorismo criado no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), no ano lectivo passado, para se lançar no mercado de trabalho por conta própria.

As novas empresas vão trabalhar em diversas áreas, e nasceram no âmbito de cada uma das cinco escolas que integram o instituto. Uma das que já está em marcha vai trabalhar na vertente das tecnologias associadas ao futebol, é para já um projecto inovador e único. Trata-se da empresa Footnet, uma sociedade que envolve o treinador do Rio Ave, João Eusébio, e se propõe fazer a gestão e a promoção de currículos desportivos via Internet. O site já está pronto e em fase de testes. A empresa tem registos no Brasil, Itália e Espanha, o seu âmbito de trabalho é mundial e os promotores estão a tratar da afinação do seu protótipo tecnológico; uma segunda empresa vai debruçar-se sobre o desporto e aventura (Exclusivo Aventura), organizando eventos relacionados com o tema. Ambas estão constituídas e a dar os primeiros passos no mercado.
Outras duas estão a aguardar a aprovação das respectivas candidaturas ao programa Iniciativa Local de Emprego (ILE) do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Uma ligada ao apoio a projectos agrícolas, gestão de espaço rural e florestal (Terragere), a outra, cujos responsáveis ainda não querem divulgar o nome, vai trabalhar na área da eficiência energética. As restantes seis estão em fase de preparação de candidatura a apoios do Estado, estão direccionadas para diversos sectores de actividade: Gerontologia, cuidados de saúde e apoio aos idosos; produção de mel; produção de cogumelos; chás naturais; equipamento para tecnologia de frio e temperatura para trabalhar com restaurantes e empresas agro-alimentares, através da Sadia, nascida na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela.
A constituição de empresas é um dos mais importantes objectivos da incubadora, pelo que o número atingido num ano é de salientar.Incubadora encaminha

Num primeiro momento as empresas vão avançar para o terreno instaladas na incubadora criada no IPB, onde se dá um acompanhamento personalizado aos jovens investidores, alguns dos quais já estão a desenvolver alguns trabalhos como profissionais liberais, mas a ideia é que a actividade que estão a desenvolver passe a ser feita integrada numa empresa. “Havia uma carência por não existir uma incubadora, foi uma aposta certa, e que face aos resultados que temos é válida, mas carece ainda de consolidação, temos consciência de que não temos capacidade para este ritmo todo, queremos dar passos pequenos, mas sólidos”, salientou José Adriano, professor responsável pelo Gabinete de Empreendedorismo. À instituição de ensino não interessa “andar a convencer os alunos a constituir empresas para depois não funcionarem”, destacou o docente, que defende a aposta na qualidade.
O gabinete foi criado com o objectivo de ajudar os diplomados do IPB a criar o seu próprio emprego, e o balanço de um ano de actividade é positivo. “Porque a procura dos serviços tem sido muito grande, pode dizer-se que se criou uma empresa por cada uma das escolas”, explicou o professor.
O serviço de incubadora dispõe de um espaço físico onde as empresas poderão habitar durante o primeiro ano de trabalho. Ali é prestado apoio, consultadoria e formação. No âmbito do Programa Poli-empreende são realizadas às quartas-feiras, à tarde, um conjunto de sessões direccionadas para o empreendedorismo, onde se aprendem os primeiros passos para a constituição de uma empresa, os aspectos legais, os mecanismos de financiamento, bem como análise de viabilidade económica – financeira. “São essencialmente vocacionadas para os finalistas de qualquer curso e de qualquer escola”, esclareceu José Adriano.
Após a conclusão da formação os estudantes mais interessados em avançar para o mundo dos negócios são encaminhados para os serviços de apoio e consultadoria, no sentido de os ajudar a passar as ideias para a prática, o que passa pelo desenho do modelo e plano de negócio. “O aluno vai participando e vai vendo a viabilidade do seu projecto”, explicou o responsável. Quando finalmente se chega à fase de decisão, é preciso saber se a empresa vai ou não avançar.
Após o desenho do plano de negócios há que buscar fontes de financiamento. O IPB empenhou-se na criação de uma rede em que estão envolvidas várias entidades, como autarquias, Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas, Nerba-Associação Empresarial de Bragança, instituições bancárias, e a Capital de Risco da Plataforma Financia. Esta rede tem por objectivo proporcionar um eco-sistema favorável à germinação de empresas. O IPB assume o papel central de coordenação e dinamização da rede, mas os restantes agentes são importantes para o funcionamento do processo.
O Gabinete do Empreendedorismo presta também auxílio à elaboração de candidaturas. “Há um conjunto de soluções como o micro-crédito, ou outros apoios”, adiantou.
Após a formalização da empresa os estudantes podem contar com apoio de consultadoria por parte do gabinete. As empresas de base tecnológica e de inovação são outra aposta, uma vez que o gabinete também trabalha na componente inovação e investigação, neste âmbito foram estabelecidos protocolos com a Fundação Cartif, em Espanha, e ajuda os alunos a encontrarem estágios nacionais ou internacionais. Foi constituída uma plataforma on-line, onde os estudantes podem localizar os currículos, podendo fazer a sua actualização, no futuro as próprias empresas poderão anunciar no site as suas ofertas de emprego.
Ao fim de uma no de trabalho concluiu-se que os alunos são empreendedores, muitos deles escondidos e à espera de serem descobertos. “A vida no mercado de trabalho não está fácil e muitas vezes a criação da própria empresa é uma alternativa muito viável”, referiu José Adriano.
Para o ano lectivo 2008/2009 o objectivo principal passa por consolidar as bases do Gabinete do Empreendedorismo.
Glória Lopes

Vozes
Sónia Geraldes, licenciada em Engenharia Florestal, responsável pela Terragere, que vai desenvolver projectos agrícolas e florestais, bem como facultar apoio aos agricultores. A jovem empresária explicou que o mais complicado na constituição de uma empresa “é saber quais os passos certos para dar, aprender a lidar com a parte de burocrática e alguma paciência para lidar com os compassos de espera”.
Jorge Santos, engenheiro Mecânico, vai lançar-se no sector das energias renováveis. A sua empresa está em fase de espera da aprovação de uma candidatura a uma ILE (Iniciativa Local de Emprego). Para já tem boas expectativas sobre o projecto: “a nossa abordagem é na análise de engenharia, retorno de investimento e não só montagem de micro-geração, colectores solares”, contou.

Fonte: O Informativo