As festas e actividades culturais uma forma de matar “sôdade” da terra natal

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Estudantes africanos procuram Bragança

Vêm de longe para tirar uma licenciatura no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e ponderam regressar ao seu país quando tiverem o canudo na mão.
Os estudantes africanos procuram, cada vez mais, novas experiências na capital de distrito do Nordeste Transmontano, uma cidade que consideram “propícia para os estudos”.
A comunidade africana é composta por cerca de 80 alunos, 30 dos quais alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela, e ainda são esperados mais cerca de duas dezenas de caloiros. No futuro, a tendência é para que o número de estudantes oriundos dos PALOPs aumente. “A qualidade de vida aqui é melhor e tem um excelente nível de ensino.
Podemos dizer que é o ideal para muitos alunos”, salientou a presidente da Associação de Estudantes Africanos do IPB (AEAIPB), Dilma Vieira.
A maioria dos alunos pretende regressar ao seu país quando terminarem a licenciatura, mas também há quem agarre oportunidades de emprego em Portugal. “Para que todos os colegas tenham informação sobre a economia dos países africanos, durante a Semana dos PALOPs tivemos cá embaixadores e representantes de S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Cabo Verde para debater esta temática”, afirmou Dilma Vieira.
A estudante, oriunda da Ilha do Sal (Cabo Verde), realça que os académicos africanos em Bragança são muito unidos e apostam no convívio. Entre festas e actividades culturais, a AEAIPB procura ajudar os africanos a matar saudades da terra natal e, ao mesmo tempo, divulgar novos usos e costumes junto da comunidade bragançana.

Novo espaço vai facilitar o trabalho da associação na organização de actividades

Apesar de não haver nenhum restaurante africano na cidade, a associação organiza jantares com pratos típicos dos diferentes países, como é o caso da “cachupa” e da “muamba”.
A integração dos estudantes tem-se revelado fácil, até porque vêm de países onde a língua oficial é o português. O principal obstáculo é, mesmo, o frio que se faz sentir em Bragança.
Completamente integrados na comunidade estudantil do IPB e, até, na comunidade local, os alunos africanos têm, agora, um novo espaço de trabalho e convívio. Na passada terça-feira, foi inaugurada a sede da associação, um espaço cedido pela Câmara Municipal de Bragança. A cerimónia foi integrada na Semana dos PALOPs, que terminou, no passado sábado, com uma festa num bar da cidade.
O próximo passo da AEAIPB é equipar o novo espaço, que necessita de mobiliário e computadores. “Vamos tentar dialogar com instituições da cidade para conseguirmos o material que nos faz falta para trabalhar”, salientou a presidente da associação.
Dar apoio a quem chega de longe a instalar-se na cidade e a integrar-se na vida académica é o principal papel da associação. “Apesar da maioria ter facilidade em aceder aos serviços do IPB, nós estamos cá para ajudar quem tiver alguma dificuldade”, concluiu Dilma Vieira.

Fonte: Jornal Nordeste