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Memórias da terra, do pão e do grão


Um ano de Terra Mater

Ecomuseu de Picote aposta na valorização ambiental e do património rural.

O Ecomuseu Terra Mater, em Picote, quer tornar-se num centro de “valorização ambiental e do património rural da Terra de Miranda”.
A unidade museológica, que agora assinala uma ano de existência, já é uma espécie de “laboratório” de ensaio das relações entre o património material e imaterial, mas pretende tornar-se num espaço cultural aberto à intervenção das populações e ao intercâmbio com os visitantes.
A técnica do Ecomuseu, Margarida Ramos, garante que a pretensão do trabalho desenvolvido e a desenvolver passa pelo reconhecimento e divulgação dos recursos endógenos, os saberes tradicionais na cultura local e comunidades rurais, adaptando-os às novas tecnologias.
Para tal, os técnicos do ecomuseu estão a trabalhar num projeto denominado “Cultibos, Yerbas, Saberes, Biodiversidade, Sustentabilidade e Dinâmica em Terras de Miranda”, em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e a Associação Frauga.
“O projecto tem como objetivos inventariar, recuperar e conservar o património etnobotânico, considerando as várias componentes, espécies, usos, práticas e saberes em risco de erosão”, explicou a técnica do ecomuseu.
A iniciativa é financiada pelo QREN, através do Programa Operacional do Norte (ON-2 O Novo Norte) e está orçado em cerca de 140 mil euros.
No decurso do projecto, as entidades envolvidas têm a seu cargo a realização de um trabalho de campo intensivo, que conta com a participação da população rural de toda a Terra de Miranda.

No primeiro ano de vida, o centro interpretativo foi visitado por mais de 500 turistas.

“Este trabalho tem como missão inventariar espécies agrícolas e silvestres tradicinais outrora muito utilizadas e actualmente pouco ou nada cultivadas, bem como fazer a recolha de propagação dessas espécies tradicionais,” avançou Margarida Ramos.
Por outro lado, há um “importante” trabalho que organizará uma colocação de “propágulos” (elementos que têm por função propagar a sua espécie), que ficará patente no Ecomuseu de modo a ceder o material aos visitantes e às populações interessadas. Além disso, serão enviadas amostras para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, entidade com a qual a Frauga estabeleceu um protocolo, que garante a conservação das espécies tradicionais.
Segundo António Bárbolo, um dos mentores do Ecomuseu, todo o projecto será desenvolvido a médio e longo prazo, sendo certo que no primeiro ano de vida, o centro interpretativo foi visitado por mais de 500 turistas.
“O sucesso deste espaço não se pode medir pelo número de visitantes, mas sim pela envolvência das pessoas nas iniciativas levadas a cabo por toda a estrutura,” sublinhou o responsável.
O Ecomuseu Terra Mater foi delineado há cerca de 10 anos, tendo sido alvo de um investimento de 200 mil euros, financiados por empresas e instituições como a REN, EDP, CGD e Câmara Municipal de Miranda do Douro.

em Jornal Nordeste

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