Eduardo Júnior é um jovem guineense que está em Portugal a tirar a licenciatura em Enfermagem Veterinária na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança (ESA-IPB), beneficiando de uma bolsa de estudos atribuída pelo Banco Mundial. Tudo começou em 2013, quando Eduardo, na altura técnico da Direção Regional de Pecuária da região de Gabu, participou numa formação dirigida a técnicos auxiliares de saúde animal (paraveterinários), na região leste da Guiné-Bissau, de onde é natural. A formação, promovida no âmbito do projeto Balal Gainako – Dinamização dos Sistemas de Produção Pecuários nos Setores de Pitche e Gabu, foi dinamizada por Carlos Aguiar e Hélder Quintas, docentes da ESA-IPB, que Eduardo veio a reencontrar 6 anos depois na cidade de Bragança.
No final do projeto Balal Gainako, tinham sido formados 25 paraveterinários, os quais foram reconhecidos pela Direção Regional de Pecuária como pontos focais para alargar a capacidade de resposta dos serviços veterinários a regiões mais remotas. Reconheceu-lhes capacidades para apoiar os criadores de gado e colaborar nas campanhas de vacinação na região de Gabu. Como complemento à formação, foi também distribuído um manual dirigido aos paraveterinários e criadores de gado com conselhos práticos para resposta aos desafios da criação bovina na região.
Para Eduardo, a participação na formação de paraveterinária revelou-se uma importante fonte de aprendizagem de novos conhecimentos. Empenho, dedicação, vontade de aprender e aprofundar conhecimentos são características que continuam a mover o jovem. Neste momento, Eduardo está a terminar o curso em Portugal, e está ansioso por regressar à sua terra natal para aplicar os conhecimentos adquiridos. Para o futuro, mantém a sua visão empreendedora e quer continuar a investir na produção agropecuária, aumentando os recursos e diversificando a produção, mantendo sempre o contato com a Gaare Batoden, a Associação dos Criadores de Gado da região de Gabu, que contou com o apoio constante do projeto.
A Gaare Batoden beneficiou de reforço institucional em áreas de gestão organizacional e operacional, assim como ao nível das infraestruturas de apoio pecuárias, garantindo serviços às suas associadas nas áreas de maneio sanitário e alimentar (incluindo acesso a água e furos pastoris), bem como um maior controlo na prevenção de roubo de gado. Foi também criado um Centro Pecuário, com uma unidade de leite, um armazém, uma loja e uma farmácia. Atualmente, continua a ter fontes de receita diversificadas, tendo alargado e consolidado a sua base de sócios, e é considerada uma associação incontornável na ligação à Direção Regional de Pecuária e às autoridades de Gabu.
A criação de gado na Guiné-Bissau contribui em 17% para o PIB nacional e representa 32% do PIB do sector agrário – concentrando-se essencialmente na zona leste e norte da Guiné-Bissau. O gado bovino é um importante produto nacional na zona leste do país, e a pecuária assume-me como uma das atividades económicas que emprega grande parte da população guineense.
O projeto Balal Gainako teve como objetivo a promoção de um sistema associativo inovador e sustentável, aumentando a produtividade dos sistemas de produção pecuários, com particular ênfase no maneio alimentar e sanitário do gado bovino, pequenos ruminantes e aves, e o crescimento económico e a redução da pobreza na região de Gabu, através da dinamização do sector pecuário familiar. O projeto contribuiu, assim, para uma melhor organização do setor produtivo de carne bovina, uma melhor assistência sanitária e acesso a cuidados por parte para veterinários
em IMVF